Tristeza
é um sentimento humano, em geral associada a situações de frustração e de
perda. É extremamente necessária, pois permite que a pessoa possa se aquietar,
ficar introspectiva por algum tempo, refletir sobre as causas e o impacto
destas frustrações e perdas, para sair fortalecida e enriquecida, mais
preparada para enfrentar novas situações difíceis semelhantes.
Então,
se a tristeza é um sentimento importante e necessário, qual seria a diferença
da tristeza em relação à depressão?
Na
depressão, a tristeza pode ser muito comum, porém sua essência é mais ampla e
profunda, pois a depressão seria a expressão de um desgaste fisiológico
excessivo do cérebro, criando uma condição com diversos sintomas e prejuízos
que geram um enorme sofrimento, podendo levar a quadros graves de incapacitação
e ser até fatal nos casos mais graves, levando ao suicídio.
A
depressão, em última análise, é a expressão de um cérebro doente, injuriado por
estresse, que perdeu boa parte da sua capacidade de se recompor, diante das
exigências naturais da vida. Esse estado gera muita tristeza, mas a tristeza é
apenas uma das expressões da depressão. Na depressão, o desânimo e o cansaço
são a regra. Alterações e descontrole dos ritmos biológicos são muito
frequentes, como insônias ou excesso de sono. A capacidade de pensar fica muito
prejudicada, tanto pela dificuldade de concentração, pela forte tendência à
insegurança e indecisão, como pelos pensamentos pessimistas, de baixa auto-estima,
de culpa excessiva, de falta de esperança, podendo culminar com uma falta de
perspectiva de soluções, levando, algumas vezes, ao desejo de morrer, de se
matar.
Nos
quadros mais leves, pode passar despercebida, como se fosse uma reação de
estresse exagerada. Nos quadros mais graves, é uma doença fortemente incapacitante
e por vezes letal.
A
depressão prejudica a resistência do corpo a outros estresses e problemas,
sendo que, a associação de um quadro depressivo com qualquer outra doença
clinica, acaba levando a uma pior evolução, como já foi comprovado com as
doenças cardiológicas, em que, a presença de depressão em pacientes que sofreram
infarto do miocárdio, aumenta significativamente o risco de morte e
incapacitação, quando comparados com pacientes com infarto sem depressão.
Alguns
profissionais de saúde mental menosprezam a importância da depressão como uma
doença de alto risco de prejuízos graves, sugerindo que toda a reação
depressiva seria apenas uma reação psicológica, e que o uso de medicamentos não
seria adequado. Eles desconsideram a enorme quantidade de estudos que comprovam
os graves prejuízos causados pela depressão nos neurônios e em todo o cérebro,
com fortes indicativos de aumento de diversos indicadores inflamatórios e
sinais de lesão cerebral difusa, que ocorre nos quadros depressivos crônicos
que se arrastam por anos.
O
tratamento médico e psicológico é fundamental para tentar reverter este processo
de desgaste fisiológico. Geralmente, o tratamento é demorado e complexo,
exigindo períodos longos de seguimento médico e psicológico, pois a recuperação
é muito lenta e o risco de recaída é sempre bem mais alto do que se supunha
antigamente.