sábado, 4 de fevereiro de 2017

Você tem alguma "MANIA"?

"Odeio que retirem meus livros da ordem em que deixei"; "fico nervosa quando os móveis da sala estão fora do seu lugar, pois cada um tem a sua "marquinha" no carpete, e eu gosto que fiquem cada um em seu lugar"; "hoje eu tive de sair para fazer compras, mas esta cidade está tão poluída que, ao chegar em casa, coloquei toda a roupa para lavar e tomei logo um banho".
         Ora, essas situações descritas acima estão presentes em muitas das pessoas que conhecemos ou até em nós mesmos. Eu diria que a maioria das pessoas tem mesmo muitas manias. Uns gostam de combinar cores, outros arrumam suas gavetas de roupas sempre da mesma maneira, outros verificam se o gás está desligado ou se a porta está fechada.
         Em Psiquiatria, considera-se essas características como obsessivas e presentes em maior ou menor grau nos seres humanos. Entretanto, estas manias estão tão acentuadas em algumas pessoas que prejudicam suas vidas: ficam ansiosas quando não conseguem lavar as mãos, os seus pensamentos atormentam, chegam atrasadas ao trabalho porque ficam muito tempo no banho, têm problemas conjugais.
         Mas por que ocorreria isso?
         Pensamentos que não saem da cabeça, repetitivos, que vêm contra a vontade podem levar o indivíduo a verificar coisas ou lavar-se várias vezes. Esses são os pensamentos encontrados no Transtorno Obsessivo Compulsivo, ou simplesmente "TOC".
         No "TOC", encontramos limitações importantes à vida das pessoas que muitas vezes deixam de sair de casa com muito medo de não conseguir suportar seus próprios pensamentos, que geram desconforto intenso e que a obrigam a cumprir suas "manias".
         Pessoas com "TOC" podem tornar-se deprimidas, perdendo o gosto pela vida. Felizmente, existe tratamento eficaz para o "TOC", com a pessoa deixando de cumprir verdadeiros "rituais" para diminuir a sua ansiedade, voltando então a ter prazer em viver.

Dr. Odeilton Tadeu Soares


quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Tímido? Só um pouquinho...

"Sábado eu tenho uma festa para ir. Seria ótimo se eu não fosse tão tímido, iria aproveitar muito mais. Até a Laurinha vai estar lá, mas eu não vou conseguir falar com ela, toda vez que eu chego em alguém do sexo oposto é um desastre, fico trêmulo, fico suando frio, o coração dispara. Às vezes tenho de tomar um 'chopp' para dar coragem, eu sou mesmo muito tímido."
        Mas, o que é timidez? Pode ser uma doença?
        Em alguns casos sim, outros não.
        A ciência tem procurado, ao longo dos tempos, interpretar o comportamento humano. Kurt Schneider (1887-1967), um dos grandes mestres da psiquiatria, considerou que a timidez poderia ser uma característica própria do indivíduo, fazendo parte da personalidade. Criou expressões como "inseguro de si mesmo" para pessoas que, entre outras dificuldades, apresentariam timidez.
        A psiquiatria contemporânea percebeu que algumas pessoas têm algo mais que uma "introversão" característica da personalidade. Nesses indivíduos a "timidez" seria excessiva e causaria prejuízos à vida diária. É o caso das pessoas que não conseguem assinar um cheque na frente de estranhos, chegando a sentir o coração bater mais rápido, mãos frias e trêmulas, vergonha excessiva, quase levando a sair correndo do local. Outro exemplo seria do professor que não consegue mais dar aulas por um medo inexplicável de que os alunos iriam perceber suas fraquezas, não conseguindo expor seus conhecimentos. Pode sentir nesses casos os mesmos sintomas descritos acima.
        Esse comportamento leva ao diagnóstico de "FOBIA SOCIAL". Frequentemente, os fóbicos sociais sem orientação adequada fazem uso de substâncias psicoativas como álcool e tranquilizantes, de forma indiscriminada para conseguir melhor desempenho em situações sociais rotineiras, gerando sérios problemas de ordem familiar, pessoal e profissional.
        Medicamentos e formas de psicoterapia específicos, quando bem aplicados, podem tornar essas pessoas com FOBIA SOCIAL curados, voltando em breve a ter uma vida normal.

Dr. Odeilton Tadeu Soares

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Síndrome do Pânico

"Eu ia tranquilamente para o meu trabalho, dirigindo o meu carro, como sempre faço, quando de repente meu coração disparou, tive dores no peito, parecia que ia sufocar, comecei a transpirar, sentir tonturas, minha visão ficou embaçada, tive muito medo: medo de perder o controle, achei mesmo que ia morrer ..."
        A descrição acima, feita por uma analista de sistemas, mostra uma pessoa sentindo um medo súbito, sem causa aparente. Tal grau de ansiedade seria compreensível num assalto a mão armada, por exemplo. Quando essa ansiedade surge espontaneamente, chamamos de "Ataque de Pânico". Os sintomas de um Ataque de Pânico surgem subitamente, sem nenhuma causa aparente, têm a duração de vários minutos e é uma das situações mais angustiantes que podem ocorrer a uma pessoa.
        Sabe-se que 20 em cada 1000 adultos terão Ataques de Pânico alguma vez na vida.
        Após cada Ataque de Pânico, o medo de ter uma nova crise aumenta gradualmente, e a pessoa passa a evitar as situações em que eles ocorreram. O medo e a insegurança nestas situações podem atingir tamanhas proporções que a pessoa com Síndrome do Pânico pode tornar-se insegura para dirigir um carro ou mesmo por o pé fora de casa. O comprometimento da qualidade de vida pode ser muito grande.
        Felizmente existem formas de tratamento eficazes que resolvem mais de 90% dos casos, em 6 a 8 semanas, com a utilização de medicamentos e formas específicas de psicoterapias.

Dr. Odeilton Tadeu Soares

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Depressão

"Depressão" pode ter vários sentidos para as pessoas. Em geral, é sinônimo de "tristeza", como na perda de entes queridos ou nas grandes frustrações. Algumas vezes, a "depressão" é tão forte que chega a atrapalhar a sua vida, e não pode ser resolvida pela vontade ou com esforço próprio. Existe então uma Depressão Clínica (ou Doença Depressiva).
     Para nós, médicos, a DEPRESSÃO é uma doença do corpo como um todo. Pode afetar o sono (insônia ou excesso de sono), o apetite (comer demais ou perder o apetite), a pessoa fica desanimada, tudo perde a cor e o brilho, e ela só pensa em coisas ruins, negativas, pessimistas, às vezes, até em suicídio. O sentimento predominante é a tristeza, e os passatempos e atividades que antes davam prazer (às vezes até o desejo sexual) ficam sem graça. Muitas vezes as pessoas com a doença depressiva ficam nervosas, irritadas com qualquer coisa. Perda da concentração e da memória e insegurança podem aparecer, prejudicando a pessoa nas suas atividades rotineiras.
     Uma doença depressiva não é uma "fossa" passageira. A doença depressiva atrapalha, causa muito sofrimento, e se não for tratada, pode durar semanas, meses ou até anos. O tratamento é eficaz e pode ser feito com medicação e, às vezes, com psicoterapia associada, atingindo mais de 80% de remissão completa. Existem vários subtipos de depressão, e o médico psiquiatra é o profissional mais indicado para distingui-los e orientar o seu tratamento.
     As causas da doença depressiva ainda não estão claras. O fator familiar é muito importante: acontecem muitas depressões clínicas em pessoas da mesma família. Alterações químicas cerebrais já foram comprovadas em toda depressão. Situações estressantes parecem só precipitar a depressão em pessoas com esta tendência. Mesmo assim, a doença depressiva é muito comum, afetando de 10 a 15% das pessoas durante a vida. Muitas das pessoas afetadas não procuram tratamento por não saberem que são portadoras da depressão, sofrendo desnecessariamente.

Dr. Teng Chei Tung

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Fobias

Medo é um sentimento comum, que faz parte do ser humano. Prepara o homem para enfrentar situações ameaçadoras ou desconhecidas, como  um leão faminto ou um cemitério sombrio. Chamamos de FOBIAS o excesso de medo ou o medo exagerado e irracional, diante de uma situação onde este não é compreensível, como sentir-se encurralado e apavorado diante de uma barata.
As FOBIAS passam a ter importância médica quando começam a atrapalhar a vida das pessoas que as têm. O exemplo mais comum é a agorafobia, que pode ser consequência da Síndrome do Pânico. A AGORAFOBIA é um medo de se afastar de locais familiares, nas quais a pessoa possa sentir-se mal (ter uma crise de falta de ar, por exemplo), onde não possa ser assegurado socorro. Alguns exemplos seriam o medo de lugares com muitas pessoas (supermercado, bancos, shopping centers etc) ou lugares fechados (ônibus, metrô, avião). Geralmente, este medo diminui quando a pessoa acometida estiver acompanhada. Pode ficar tão grave que a pessoa não consegue sair de casa.
Fobia a insetos e pequenos animais (barata, lagarto, rato, cobra etc) também é comum, e chega a ser tão forte que as pessoas não conseguem arrumar uma cozinha, um jardim ou mesmo sair na rua, pois imaginam que em qualquer lugar pode ter "aquele bicho". Existe também a fobia a sangue e ferimentos, que é uma reação instintiva de mal-estar e desmaio, incontrolável, diante de sangue e ferimentos sangrentos, e que às vezes gera situações desagradáveis e vergonhosas.
As pessoas que têm fobias quase sempre ficam envergonhadas e escondem este problema dos outros, com medo de serem taxadas de medrosas ou até de "loucas". Se você tem alguma fobia e acha que esse medo atrapalha de alguma forma a sua vida, não se preocupe. Existem tratamentos, como a terapia comportamental (associada ou não a medicamentos), que são comprovadamente eficazes para o tratamento de quase todas as fobias.

Dr. Teng Chei Tung

sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Depressão

Tristeza é um sentimento humano, em geral associada a situações de frustração e de perda. É extremamente necessária, pois permite que a pessoa possa se aquietar, ficar introspectiva por algum tempo, refletir sobre as causas e o impacto destas frustrações e perdas, para sair fortalecida e enriquecida, mais preparada para enfrentar novas situações difíceis semelhantes.
Então, se a tristeza é um sentimento importante e necessário, qual seria a diferença da tristeza em relação à depressão?
Na depressão, a tristeza pode ser muito comum, porém sua essência é mais ampla e profunda, pois a depressão seria a expressão de um desgaste fisiológico excessivo do cérebro, criando uma condição com diversos sintomas e prejuízos que geram um enorme sofrimento, podendo levar a quadros graves de incapacitação e ser até fatal nos casos mais graves, levando ao suicídio.
A depressão, em última análise, é a expressão de um cérebro doente, injuriado por estresse, que perdeu boa parte da sua capacidade de se recompor, diante das exigências naturais da vida. Esse estado gera muita tristeza, mas a tristeza é apenas uma das expressões da depressão. Na depressão, o desânimo e o cansaço são a regra. Alterações e descontrole dos ritmos biológicos são muito frequentes, como insônias ou excesso de sono. A capacidade de pensar fica muito prejudicada, tanto pela dificuldade de concentração, pela forte tendência à insegurança e indecisão, como pelos pensamentos pessimistas, de baixa auto-estima, de culpa excessiva, de falta de esperança, podendo culminar com uma falta de perspectiva de soluções, levando, algumas vezes, ao desejo de morrer, de se matar.
Nos quadros mais leves, pode passar despercebida, como se fosse uma reação de estresse exagerada. Nos quadros mais graves, é uma doença fortemente incapacitante e por vezes letal.
A depressão prejudica a resistência do corpo a outros estresses e problemas, sendo que, a associação de um quadro depressivo com qualquer outra doença clinica, acaba levando a uma pior evolução, como já foi comprovado com as doenças cardiológicas, em que, a presença de depressão em pacientes que sofreram infarto do miocárdio, aumenta significativamente o risco de morte e incapacitação, quando comparados com pacientes com infarto sem depressão.
Alguns profissionais de saúde mental menosprezam a importância da depressão como uma doença de alto risco de prejuízos graves, sugerindo que toda a reação depressiva seria apenas uma reação psicológica, e que o uso de medicamentos não seria adequado. Eles desconsideram a enorme quantidade de estudos que comprovam os graves prejuízos causados pela depressão nos neurônios e em todo o cérebro, com fortes indicativos de aumento de diversos indicadores inflamatórios e sinais de lesão cerebral difusa, que ocorre nos quadros depressivos crônicos que se arrastam por anos.
O tratamento médico e psicológico é fundamental para tentar reverter este processo de desgaste fisiológico. Geralmente, o tratamento é demorado e complexo, exigindo períodos longos de seguimento médico e psicológico, pois a recuperação é muito lenta e o risco de recaída é sempre bem mais alto do que se supunha antigamente.

Ansiedade

Sentir ansiedade é uma experiência que todas as pessoas já viveram e, apesar de estar associada a lembranças nem sempre boas, é necessária, pois, sem ela, não nos prepararíamos de forma adequada para situações mais difíceis e exigentes, como enfrentar uma prova, uma entrevista de emprego, uma apresentação para toda a diretoria da empresa e, até mesmo, aquelas muito desejadas, como uma viagem esperada e o próprio casamento.
A ansiedade pode ser vivida como uma preocupação do dia a dia ou uma antecipação de um problema que ainda está por vir. Pode ser vivida mais como uma experiência física: tensão muscular, coração disparado, tremores, suor frio, falta de ar, tonturas... inúmeras sensações associadas a preocupações, situações que geram tensão, chegando a de medo ou pavor. Mesmo as que causam pânico, como ser assaltado ou sofrer um acidente, podem ser avaliadas como formas extremas de ansiedade. Todas essas expressões de ansiedade podem ser consideradas necessárias.
Então, quando alguma forma de ansiedade pode ser considerada patológica?
A ansiedade é patológica e necessita de tratamento médico e psicológico quando gera prejuízo na forma de sofrimento excessivo, limitações das atividades habituais ou incapacitação para a maioria das atividades. São situações de ansiedade intensa que ocorrem de forma frequente ou intermitente, muitas vezes como reações exageradas, fora de contexto, sem motivo aparente. A ansiedade patológica pode levar o indivíduo a se isolar, a evitar locais com muitas pessoas ou onde possa perceber qualquer nível de pressão ou dificuldade. Em alguns casos, a insegurança e a tensão são tão intensas que impedem a pessoa de sair sozinha de casa, enfrentar lugares fechados, ou situações rotineiras, como pegar metrô, se encontrar com os amigos e ir ao trabalho.
Existem diversas formas de ansiedade, como o Transtorno do Pânico, Transtorno de Ansiedade Social (ou Fobia Social), Transtorno de Ansiedade Generalizada, Fobias, e Transtorno de estresse pós-traumático.
O melhor tratamento costuma ser uma associação de medicamentos e psicoterapia, que devem ser avaliados por médicos psiquiatras e psicólogos de acordo com a peculiaridade de cada paciente acometido. É importante sempre avaliar a possível presença de outros problemas relacionados à saúde mental, como depressão, bipolaridade, uso de drogas lícitas ou ilícitas, ou outros problemas de saúde geral, como obesidade, hipertensão arterial e diabetes mellitus.
A CLIAD - Clinica de Ansiedade e Depressão, com seus 25 anos de experiência clinica, pode oferecer os tratamentos mais adequados, inclusive para casos mais graves e refratários, em função da grande expertise dos seus profissionais, que aliam conhecimento médico-científico sempre atualizado e de ponta, com uma prática clinica refinada por anos de atendimentos a pacientes, além da enorme experiência de apoio para a formação acadêmica de novos profissionais da área de psiquiatria e psicologia.